
No setor de saúde, as tecnologias de visualização virtual interativa, como navegação em tela 3D e tecnologias de Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA), possuem um diferencial importante que transmite credibilidade ao usuário, que é o fato de os arquivos de modelos tridimensionais utilizados serem provenientes de exames de imagem médica não invasivos, como tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) e ultrassom 3D (US).
Quando inseridos em um ambiente virtual, os exames médicos, que são casos de pacientes reais, permitem uma visualização interativa onde, dependendo da tecnologia utilizada, várias ações são possíveis, como segmentação tridimensional (3D), simulação de procedimentos e informações para públicos não especializados (como pacientes).
Um dos primeiros projetos desenvolvidos para visualização virtual 3D do corpo humano utilizando arquivos de ressonância magnética fetal foi realizado em 2011 pelos pesquisadores brasileiros Heron Werner, Jorge Lopes e Ricardo Fontes e publicado pela revista britânica "New Scientist". No vídeo, é possível "visualizar a estrutura anatômica interna de um feto de 36 semanas em uma varredura de ressonância magnética".
Os diversos projetos que se seguiram a esta pesquisa, também publicados em periódicos científicos internacionais, motivaram os autores a expandir o campo de possibilidades no uso de imagens médicas não invasivas para visualizar casos clínicos.

Com o advento da pandemia de COVID-19, as tecnologias de comunicação por vídeo e imagem foram impulsionadas. A equipe do laboratório BIODESIGN da PUC-Rio, em parceria com o grupo Dasa, desenvolveu equipamentos de proteção individual para a área da saúde (projetos apoiados pela FAPERJ e CAPES), incluindo um protetor facial com interface digital onde é possível visualizar prontuários médicos sem contato físico.
Também durante a pandemia, devido ao contato físico limitado entre pesquisadores, reuniões de trabalho foram iniciadas no ambiente virtual do "Pi Center" do IMPA, utilizando RV através da aplicação "SPATIAL", um espaço de trabalho colaborativo em ambiente virtual criado em 2017.

As reuniões realizadas no software SPATIAL ampliaram nosso conhecimento sobre o então recém-difundido conceito do metaverso, que possui uma aplicação relevante na medicina, com aplicações crescentes e satisfatórias.
A principal diferença entre o uso bem-sucedido do metaverso na medicina em comparação com outras áreas pode ser compreendida, como explicado acima, no fato de que na medicina os arquivos de modelos 3D utilizados provêm de exames de imagem médica reais e não invasivos, como TC, RM e US 3D, ou seja, não são simulações 3D modeladas em software, mas arquivos que são importados e abertos diretamente na plataforma. Quando inseridos em um ambiente virtual, exames médicos reais podem ser verificados no metaverso simultaneamente por vários participantes em tempo real.
O conceito de Realidade Estendida (XR), que engloba RV, RA e Realidade Mista (RM), está revolucionando a área da saúde ao melhorar o diagnóstico, tratamento, educação médica e engajamento do paciente. Essas tecnologias imersivas possibilitam visualizações 3D precisas, ajudando os médicos a identificar várias doenças.

No planejamento cirúrgico, a XR permite que modelos 3D sejam criados a partir de exames de US, TC e RM, facilitando a navegação em anatomias complexas e otimizando abordagens cirúrgicas. Durante as operações, a navegação em tempo real com RC pode aumentar a precisão e segurança dos procedimentos. Além disso, a RE oferece ambientes de treinamento interativos onde cirurgiões e estudantes praticam procedimentos complexos, como cirurgia robótica.
A educação médica se beneficia enormemente, proporcionando experiências imersivas e detalhadas da anatomia humana e de várias situações clínicas.
A XR também pode promover a colaboração remota e a telemedicina, conectando especialistas de diferentes partes do mundo sem a necessidade de viajar. Na saúde mental, sessões de terapia virtual poderiam abrir novas formas de interação com pacientes.
